O retorno da primavera

 


*Por Artemísia

“Sing!” Nos ouvidos
“Dance monkey” na extensão 
Do corpo vivo 
A mente procurando a estação 

Eremitando pra produzir ação 
Pensando na vida viva
Ignorada à revelia
Pelas mesmas porcarias
de corporação

Passarinho tem voz
Árvore tem voz também!
Pobre não tem vez
Eu aprendi a jogar xadrez!

Eu quero sprays 
Pra lançar nos 1.7.1
Tô sempre começando agora
Então não caio pelo ART. 71

Arte é o número 8, bola da vez
Tô ouvindo as voz
De quem fez antes 
A luta contra o algoz

Foi dessas voz que tem a tez
Que criou tudo 
Tudo aquilo
que é incorporado por nós
e por vocês 

Sem os mortos
os vivos não existiriam 
Sem ouvir os mais velhos
os jovens estariam todos perdidos

Só não respeita o perfume 
Quem fica de perfumaria
Quem não percebeu
Que a cada esquina 
tem uma tabacaria

Sem cigarro
Uma farmácia de faixada
E não tem pão nas padaria visitada
Um barbeiro que só se atrapalha

Tudo lavagem de rico
O pobre fazendo o bico
E a polícia porca oprimindo 

E da miséria fez-se a matéria
Esse é o versículo 
A vida aqui é muito séria
Pra quem lida todo dia
Com a escassez e “ À espera.. das férias” 

Seria quase um milagre 
Mas tô sentindo que o impasse
Requer pano, coragem e vinagre

Pode decidir se te inclui
Ou se Exclui
Só não esquece do conluio
Quem tá no ralo sabe quem polui

Concluo:

Mas: Sing! Fone nos ouvidos
Abalando a estratosfera
Dos supostos desconstruídos e dos 
pressupostos construídos 


Mas fogo! 
Pra manifestação 
Sem os quatro elementos
Não sai a reivindicação 

São quatro, os elementos Suspeitos:
De capuz, bala clava 
Com tinta na mão
E vestidos de preto 

Vieram dos becos
Filhos de pais
Sem pais e sem a paz
Num país que se diz

Defensor da família
Transportando em avião cocaína 
Na real, viciado em quiz
Porque o lucro vai pro corrupto
Então vamos cantar esse hino:
Se o Agroboy tá lucrando 
Bora apostar no Tigrinho 

Ah, sem condições !
Na mão a ferramenta
Nas veias contracultura
Se não aguenta cantoria
prepara tua sepultura 

- “Ah, mas um erro não justifica o outro"
Ambiguifico:
Onde o certo é crime
Se o incompleto dá lucro
Não tem castigo cale
O corpo oprimido 
Não julgue

Sem reconhecimento e nem escolta
Na escola não aprendi
Com quantas vozes se faz a revolta.

Na rua, abrigo
Respiro a tinta
Pra cuspir a magia
Colorida com a 
Saliva de Midas 

Não queremos a coroa da Medusa 
Nem os loiros do triunfo
Queremos o veneno
Pra contrastar e envenenar
O jovem guerreiro 
Que quer a cabeça
Do povo brasileiro

Nem Hermes consegue mais mediar,
E se a regente é Atena 
A guerra não vai acabar
Mas ainda temos cabeça e o importante é pensar
Pois só se agarrando na cultura periférica que é possível suportar

Chamo dionísio 
só pra interpretar, 
Enquanto o vinho jorrar pela artéria
Jogamos com a arte da guerra
Crescemos em trincheiras
E somos fadados à quedas

Do alto do precipício 
Do abismo do vale
Não tem quem cale a calle
Que grita poesia

E não existiria escadaria
Sem o trabalho da base
Ou da rataria 
Que não teve a mesma estadia do La digna rabia
Ou do elenco do esquadrão suicida

E há quem ignore as meretrizes, os espíritos de guerreiros, os marinheiros, e todos meus outros companheiros de bueiro
Seja de boa noite ou de bom dia
Se não pode com a abelha não prova a melodia

Muito prazer, sou o néctar da ambrosia, pra deixar a vida embebida de colorimetria 
Nascida do pau de cronos 
Que caiu no mar, 
Filha da gargalhada da mulher 
Que viu o sangue jorrar

Pra se formar mais uma semideusa 
da Tribo da Periferia, 
Criada no morro, na natureza, nas ruas
e na boemia 
Nascida no que vocês consideram valão 
Sou mais uma flor que luta por justiça.

Câmbio, desligo


Artemísia

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