Meu coração

*Por J. G. de Araújo Jorge Eu tenho um coração um século atrasado, ainda vive a sonhar… ainda sonha, a sofrer… Acredita que o mundo é um castelo encantado, e, criança, vive a rir, batendo de prazer… Eu tenho um coração — um mísero coitado que um dia há de por fim, o mundo compreender — é um poeta, um sonhador, um pobre esperançado que habita no meu peito e enche de sons meu ser… Quando tudo é matéria e é sombra — ele é uma luz… Ainda crê na ilusão… no amor… na fantasia… sabe todos de cor os versos que compus… Deus pôs-me um coração com certeza enganado: — e é por isso talvez que eu ainda faço poesia lembrando um sonhador do século passado!...