Meu coração
*Por J. G. de Araújo Jorge
Eu tenho um coração um século atrasado,
ainda vive a sonhar… ainda sonha, a sofrer…
Acredita que o mundo é um castelo encantado,
e, criança, vive a rir, batendo de prazer…
Eu tenho um coração — um mísero coitado
que um dia há de por fim, o mundo compreender
— é um poeta, um sonhador, um pobre esperançado
que habita no meu peito e enche de sons meu ser…
Quando tudo é matéria e é sombra — ele é uma luz…
Ainda crê na ilusão… no amor… na fantasia…
sabe todos de cor os versos que compus…
Deus pôs-me um coração com certeza enganado:
— e é por isso talvez que eu ainda faço poesia
lembrando um sonhador do século passado!...
"Viajando na história e na geografia (Moscou, Capri, Nápoles, Paris, Berlim), Benjamin encontra as raízes da modernidade: a viagem é um convite à ausência, ela é "o palácio do tempo": "o tempo no qual habita aquele que não tem casa torna-se para o viajante -- aquele que não tem atrás de si nenhuma - um palácio"" (Olgária C. F. Matos, 1993: O iluminismo visionário: Benjamin, leitor de Descartes e Kant, ed. brasiliense). Sim, o Walter da História a contra-pelo tratando com um Descartes viajante buscando compensar o nomadismo de seu espírito de forma completamente diversa, filósofo do "penso logo existo" mas raramente tão lido, ali mediado por Calderón, Shakespeare, Proust, a história do barroco, as considerações do luto. Walter Benjamin: " Se, como fez uma vez Hillel com a doutrina judaica, se tivesse de enunciar a doutrina dos antigos em toda concisão, (...) a sentença teria de dizer: 'A Terra pertencerá unicamente àquelas que vivem das forças do cosmos'. (aforismo 'A Caminho do Planetário'). René Descartes: "Eu comparava os escritos dos antigos pagãos que tratam dos costumes a palácios muito soberbos e magníficos que estavam construídos sobre areia e lama (...), eu me espantava que (os fundamentos da matemática) eram tão firmes e sólidos mas não se havia construído nada sobre eles de mais relevante".
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