Sobre línguas como fontes vivas para a escassez de nomes e critérios antirracistas para algumas nomeações e medidas (trabalhando sobre e com o esquecimento de fontes avisadoras — inicialmente vistas como anedóticas!)

 

*Por Ethon Fonseca

Tem nome de povo originário que é tri geográfico, descreve inclusive alertando para riscos como de uma estrada sinuosa encontrar desfiladeiro em meio à neblina, e vários outros que se construtores tivessem levado em conta não tinham vacilado tão feio quanto Angra 1 e 2 serem apenas a prova de terremotos em terreno onde o mais problemático são deslizamentos. Perdi o fio/referencial dos exemplos de avisos prontos na própria língua que massacramos de mascaramentos, por vezes se chegando a censurar remotamente repertórios do léxico, ao invés de explorar mais narrativas históricas e associações com veios semânticos (de sentido com figuras de linguagem e forças de expressão) como os etimológicos (das origens) em compreensões societárias/conceituais, didáticas ou informativas (ludicidade é o outro ponto de tradicional tripé “global” de serviços que tem artistas “cobrindo”, super valendo divulgar, fora dos fetiches da “gamificação”). Se fosse fazer levantamento dessas lições ambientais e sinalizações linguísticas dos povos originários daria uma série de dicionários geográfico-ambientais, quer dizer, toponímicos, de enorme importância e dignidade, como já se declarava e escrevia por aí há algumas gerações, mas desenvolver essa relação respeitosa dos desenvolvimentos populares e etno-linguísticos não derrubaria as casas da mistificação de “algum paraíso” perdido e reencontrado por europeus para a produção de novas riquezas como em “estado de natureza”? A ideologia aviltante e absurda, seja em contratualismo anacrônico, seja em escândalos recentes como dos Panamá papers, é mito ainda multiplicado no anonimato das responsabilidades pela devastação ambiental como generalizadas em “aquecimento” ou semi-fatalidade – acaso só alertada por velhos monges e caranguejada ambientalista como em luaus e saraus selvagens? Agora afloram-se sensibilidades ecológicas como em  chamada para avaliações de classes de responsabilidades com demandas populares: menos compreensível seria ignorar brados retumbantes de “Acuso!”, charges de vários tipos, análises e atualizações, fora de plataformas chapa-branca, ou francamente mistificadoras, ou de telejornal em que na meteorologia só aparece o país isolado, então eis um referido panorama internacional com exemplos históricos parecidos com o RS em que o desmatamento foi (conforme Tau Golin) uma condição de capitalização e quitação de dívidas de colonizadores:

https://outraspalavras.net/crise-civilizatoria/os-paraisos-fiscais-eo-espirito-do-capitalismo/  

Aproveitando o assunto dos nomes de águas – fora aquelas que na capital são esgotos vomitados pela cidade, há décadas sem manutenção de bombas (como o próprio muro de contenção “da Mauá” só apresenta estrutura reforçada, durando 60 anos sem manutenções necessárias, pela hipótese incidental dela  sustentar outras obras em cima) – um ponto emblemático é dificuldade da nossa língua soltar um “sobrenome” para o Guaíba: na época da rua da Praia era rio, o que poderia passar a impressão equívoca de um fluxo levando materiais (depositáveis) embora, então estabeleceu-se uma geografia pela qual “lagoa” passou a caracterizá-lo, inclusive no louvado Atlas Ambiental de Porto Alegre que ainda é muito do registro que se pode consultar para ver das medidas ambientalistas abrangidas, como escala das matas ciliares – que teriam ficado “legalmente” desprotegidas no contexto de plano piloto da cidade operad@ por assanhamentos imobiliários. 

Guaíba já diz, em Guaraní, significa bacia de todas as águas. Bahia da Guanabara também tem graus de redundância, já que diz braço ou seio de mar, mas também sugere dos rios nela desaguando. Na Amazônia tem muito rio com nome que parece português mas é corruptela de expressão originária, como se lê em https://www.earthnewsterra.com.br/amazonia/nomes-em-tupi-guarani-revelam-significados-dos-rios/

As pessoas lembram de, e conhecem novos, professoras/es a ensinarem essas noções geográficas e ambientais há várias gerações para as meninadas aprovando, sabendo ou colando. Ao crescerem “na Política”, porém, constata-se epistemicídio como em marginalização/demissão de técnicos responsáveis, para uma eventual contratação de pareceristas coniventes com o analfabetismo urbanístico em pleno âmbito dos maiores desafios sabidamente enfrentados pelas grandes cidades – inclusive no Brasil, como na São Paulo onde todo ano alaga fazendo uns tais de piscinões que não dão conta do volume de águas. Fundada no planalto de Piratininga, São Paulo se vê às voltas com questões de abastecimento de água, precisando serem pensadas por estudos consequentes, consistentes e atualizados (bem como de transportes). Aliás: Piratininga = seca-peixes (depois de alagamentos de rios como o Tietê, quando mais cheios de vida que de… jacarés…).

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