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Mostrando postagens de maio, 2024

Até onde vai a tua solidariedade?

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  *Por Lucas Berton Frente às tragédias dos alagamentos no RS e em Porto Alegre vemos se espalhar uma grande onda de solidariedade por entre as pessoas. Soa bonito e sublime — e de fato até é. No entanto, podemos ver também uma contradição! No dia a dia, somos egoístas e medíocres. No meio de uma calamidade, rugimos como leões frente às exigências da sobrevivência coletiva. Subitamente nos lembramos de que existem outras pessoas para além do nosso umbigo — lembramos, até mesmo, dos animais! Contudo, a solidariedade humana tem sido seletiva, para alguns e em momentos críticos. Não podemos ser e vivenciar realmente a solidariedade se nos preocuparmos com os outros apenas diante das catástrofes. E o dia a dia? E a nossa família, como a tratamos? E os moradores de rua que vegetam fora de abrigos permanentemente? E os vizinhos, como os escutamos e reagimos a eles? E aquelas pessoas que não gostamos no trabalho? E aquele colega que falamos mal pelas costas, sem se preocupar com os efeito...

O futuro é ancestral: o Guaíba é ancestral!

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Respeitem a água e aprendam a sua linguagem. Vamos escutar a voz dos rios, pois eles falam. Sejamos água, em matéria e espírito, em nossa movência e capacidade de mudar de rumo. Ao transformarmos água em esgoto ela entra em coma, e pode levar muito tempo para que fique viva de novo. Esse exercício de escuta do que os cursos d'água comunicam foi produzindo em mim uma espécie de observação crítica das cidades, principalmente as grandes, se espalhando por cima dos corpos dos rios de maneira tão irreverente a ponto de não termos quase mais nenhum respeito por eles. Pois, é preciso dizer, esses rios que invoco aqui estão sendo mutilados: cada um deles tem seu corpo lanhado por algum dano, seja pelo garimpo, mineração, [agronegócio], pela apropriação indevida da paisagem. Depois de 50 anos vendo gado, gente e máquina pisoteando o solo, o rio se cansa. Sim, pois quando a paisagem se torna insuportável, o rio migra e conflui para outras viragens. [Ailton Krenak — Futuro ancestral]

E no sétimo dia a verdade desapareceu

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  *Por  Lázaro Leal Barbosa Quantos dias são necessários para transformar uma tragédia nacional em um cenário político? No Brasil, foi necessário apenas sete dias. No primeiro dia, desabou chuva no Rio Grande do Sul. No segundo dia, a água tomou as ruas, bairros e cidades do interior do Estado. No terceiro dia, o Rio Jacuí recebeu uma enxurrada de águas, deixando um rastro de destruição que era fruto da indignação da natureza contra um sistema explorador e exportador, até chegar ao Rio Guaíba e iniciar a enchente. No quarto dia, o Rio Guaíba e o Rio Gravataí começaram sua invasão, engolindo Porto Alegre e a região metropolitana. Em resposta, o povo lutou pela sua própria vida. Não havia governo nem empresários: apenas pessoas humildes apertando a mão uns dos outros para que todos se salvassem ou para que ninguém morresse sozinho. No quinto dia, o governo acordou. Um governo liberal, enfraquecido por acreditar no Estado mínimo, demonstrou ser um governo sem força e sem vontade ...

Sobre línguas como fontes vivas para a escassez de nomes e critérios antirracistas para algumas nomeações e medidas (trabalhando sobre e com o esquecimento de fontes avisadoras — inicialmente vistas como anedóticas!)

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  *Por Ethon Fonseca Tem nome de povo originário que é tri geográfico, descreve inclusive alertando para riscos como de uma estrada sinuosa encontrar desfiladeiro em meio à neblina, e vários outros que se construtores tivessem levado em conta não tinham vacilado tão feio quanto Angra 1 e 2 serem apenas a prova de terremotos em terreno onde o mais problemático são deslizamentos. Perdi o fio/referencial dos exemplos de avisos prontos na própria língua que massacramos de mascaramentos, por vezes se chegando a censurar remotamente repertórios do léxico, ao invés de explorar mais narrativas históricas e associações com veios semânticos (de sentido com figuras de linguagem e forças de expressão) como os etimológicos (das origens) em compreensões societárias/conceituais, didáticas ou informativas (ludicidade é o outro ponto de tradicional tripé “global” de serviços que tem artistas “cobrindo”, super valendo divulgar, fora dos fetiches da “gamificação”). Se fosse fazer levantamento dessas ...

Tupi or not Tupi? — pequena nota sobre as enchentes no RS

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  Guaíba, em Guarani, significa bacia de todas as águas: se fosse fazer inventário de problemas que teriam sido evitados se atentássemos ao legado originário no continente, a gente ia longe...

No fueron las lluvias...

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*Por Artigas Osores No fueron las lluvias y las tormentas . Fueron los buitres y las aves de rapiña que mataron a mi pueblo. No fueron las furias de las aguas las que arrastraron sus casas. Fueron la avaricia de un sistema que desmontó la Amazonia. El calentamiento global de un monstruo llamado sistema capitalista. Millares de familias que lo perdieron todo... Pocas familias que ganan millones... Soledad, tristezas y lágrimas de un pueblo que llora en silencio. Bancos y empresas privadas contando las ganancias. Multinacionales del agronegocio, festejando importaciones. Gobiernos y políticos que sonríen a espaldas de su pueblo. Nadie los culpa. Nadie los señala... En un abrigo con colchones en el suelo, traumados por la desgracia intentan dormir los niños... En palacios y mansiones duermen los hijos de los que violaron el medioambiente. Falta comida, ropa, luz, agua... No fueron las lluvias y las tormentas. Fue un sistema y la avaricia de los hombres, porque para ellos la vida de l...